Quando pensamos em educação, é natural olharmos para dentro: para o que vivemos, para o que os nossos filhos aprendem, para as escolas que conhecemos. Mas e se olhássemos um pouco mais longe? Há países que estão a inovar de forma inspiradora, que encontraram formas diferentes — e eficazes — de ensinar, motivar e preparar os alunos para o futuro. Neste artigo, viajamos por alguns desses sistemas educativos de sucesso e refletimos sobre o que podemos aprender com eles.

Finlândia: Menos testes, mais confiança

A Finlândia é uma espécie de “estrela” mundial da educação. E não é por acaso. Lá, os testes padronizados são raros e os alunos não são comparados constantemente entre si. Em vez disso, cada criança é acompanhada de perto, e o progresso é avaliado de forma personalizada. O resultado? Menos ansiedade, mais confiança e um ambiente onde se valoriza a aprendizagem, e não apenas a nota (Diferencial, 2022).

Mas há mais: os estudantes têm tempo para brincar, sair para o recreio e descansar entre aulas. Esta preocupação com o bem-estar faz parte de uma filosofia que entende que crianças felizes aprendem melhor — e é difícil discordar.

Países Baixos: Escolhas desde cedo e ensino prático

Na Holanda, os alunos são encorajados a descobrir desde cedo aquilo que os apaixona. O sistema é flexível, com diferentes percursos de ensino, mais académicos ou mais práticos, que respeitam o ritmo e os interesses de cada aluno (Revista Cidade, n.d.).

Além disso, há um foco claro nas competências que fazem diferença na vida real: pensamento crítico, resolução de problemas e até empreendedorismo. Não se trata apenas de decorar conteúdos, mas de preparar os jovens para pensar e agir no mundo.

Estónia: A força da tecnologia

Apesar de ser um país pequeno, a Estónia é hoje uma das grandes referências em educação digital. Desde cedo, os alunos aprendem a programar e a trabalhar com ferramentas digitais. As escolas estão equipadas e os conteúdos estão disponíveis online — adaptados às necessidades de cada aluno (Revista Cidade, n.d.).

Mais do que usar tecnologia por ser “moderna”, a Estónia foca-se em usá-la como aliada para uma aprendizagem mais eficaz, inclusiva e acessível.

Singapura: Bons professores fazem bons alunos

Em Singapura, os professores são vistos como verdadeiros profissionais — e tratados como tal. Têm formação contínua, são bem remunerados e têm acesso a oportunidades de desenvolvimento e liderança (EDULOG, n.d.).

Este investimento tem reflexos diretos nos resultados: os alunos de Singapura estão entre os melhores do mundo em literacia, matemática e ciências. Mas o foco não está apenas nas notas: o sistema também aposta no desenvolvimento das competências socioemocionais, promovendo a empatia, a colaboração e a resiliência.

Suíça: Aprender com a vida real

Na Suíça, muitos jovens combinam os estudos com estágios práticos em empresas. Este modelo — conhecido como ensino dual — permite que os estudantes aprendam na escola e apliquem logo no mundo do trabalho (Revista Cidade, n.d.).

Esta ligação entre a teoria e a prática tem várias vantagens: os alunos percebem a utilidade do que estão a aprender, desenvolvem competências profissionais e entram no mercado de trabalho com uma preparação muito sólida.

Japão: Educar para além dos livros

No Japão, os primeiros anos de escola são dedicados à formação do caráter. Sim, leu bem: antes de se preocuparem com notas e testes, os alunos aprendem a ser responsáveis, a respeitar os outros e a colaborar.

Também é comum que os alunos limpem a sala de aula no final do dia — uma forma de promover o sentido de comunidade e o respeito pelo espaço comum (ABRAFI, n.d.). Estas pequenas práticas constroem hábitos que duram a vida toda.

Canadá: Diversidade e inclusão na prática

O Canadá é outro exemplo interessante. O sistema é descentralizado — cada região define o seu currículo — o que permite adaptar a educação à realidade local. Isso torna as escolas mais próximas das comunidades, mais inclusivas e mais sensíveis à diversidade (Evans, 2021).

Aliás, a diversidade cultural é um dos pilares do sistema canadiano. Os alunos crescem a aprender não só matemática e ciências, mas também a respeitar culturas diferentes e a trabalhar em ambientes multiculturais — competências cada vez mais importantes.


E em Portugal?

Portugal tem dado passos importantes na educação, mas há sempre margem para crescer. Ao olhar para estes exemplos internacionais, percebemos que:

A boa notícia? Muitas destas práticas já estão a surgir em algumas escolas portuguesas. O desafio agora é tornar estas boas ideias em políticas consistentes, acessíveis a todos.


Referências

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *